segunda-feira, 4 de junho de 2012

Dona Mercedes


Em uma cidadezinha bem pequena, interior de Minas, o Promotor de Justiça chama sua primeira testemunha, dona Mercedes, uma velhinha de idade um tanto avançada.
Para começar a construir uma linha de argumentação, o Promotor pergunta à velhinha:
- Dona Mercedes, a senhora me conhece? Sabe quem sou eu e o que faço?
- Claro que eu o conheço, Valter! Eu o conheci bebê. Você só chorava. Devia ser pelo pintinho pequeninho que você tinha.
- E francamente, você me decepcionou. Você mente, manipula as pessoas, espalha boatos e adora fofocas.
- Você acha que é influente e respeitado na cidade, quando na realidade você é apenas um coitado. Nem sabe que a filha está grávida, e pelo que sei, nem ela sabe quem é o pai. Dá prá todo mundo!
- Ah, se eu o conheço! E como conheço!
O Promotor fica petrificado, incapaz de acreditar no que estava ouvindo. Ele fica mudo, olhando para o Juiz e para os jurados.
Tentando raciocinar rápido, naquele turbilhão de pensamentos ele tem um lampejo de reversão da situação. Sem mais qualquer alternativa, ele aponta para o advogado de defesa e pergunta à velhinha:
- E o advogado de defesa, a senhora o conhece?

A velhinha responde imediatamente:
- O Robertinho? É claro que eu o conheço! Desde criancinha.
- Eu cuidava dele para a Mariazinha, a mãe dele, pois sempre que o pai dele saia para trabalhar, a mãe saia logo após, pra algum outro 'compromisso'!!!
- E ele também me decepcionou muito.
- É preguiçoso, puritano, alcoólatra, e sempre quer dar lição de moral nos outros, sem ter nenhuma para ele.
- Ele não tem nenhum amigo e ainda conseguiu perder todos os processos em que atuou.
- Além de ser traído pela mulher com o mecânico... é...com o mecânico!!!!!
Neste momento, o Juiz pede que a senhora fique em silêncio, chama o promotor e o advogado perto dele, se debruça na bancada e fala baixinho aos dois:
- Se algum de vocês perguntar a esta velha filha da puta, se ela me conhece, vai sair desta sala, algemado e preso! Fui claro?